A reforma política no país das anedotas

Colocar os senadores e deputados para reformar o sistema político brasileiro é como deixar a raposa cuidando do galinheiro. Será? A primeira reunião da comissão de reforma política aconteceu ontem, terça-feira (15/03). Integrada por 41 senadores, entre eles alguns participantes polêmicos como o senador alagoano Fernando Collor (PTB) e o ex-presidente José Sarney (PMDB), ela terá o poder de discutir e criar projetos de lei que ditarão as normas do processo político e eleitoral no país.

Entre os temas que serão discutidos pelos parlamentares estão a possibilidade do voto facultativo, o financiamento público das campanhas, o fim da reeleição para os cargos executivos etc.

A lei "Tiririca", que põe fim ao sistema proporcional nas eleições para o legislativo, é uma das propostas mais concretas de mudança. Nela as vagas ficariam com os candidatos mais votados. Isso acabaria com o que normalmente acontece quando aparecem nas eleições os chamados candidatos puxa-votos. Com slogans bem apelativos como "Vote em Tiririca, pior do que tá não fica", o palhaço conseguiu 1,3 milhão de votos, foi o candidato mais bem votado do país e ainda "elegeu" três outros deputados. Com o novo sistema, o que aconteceu ano passado não mais se realizará.

O voto distrital, mais uma das propostas, dividiria o país em zonas eleitorais, mais ou menos com o mesmo número de eleitores e cada zona elegeria apenas um candidato. Essa proposta permitiria, teoricamente, uma maior aproximação do político com o eleitorado. Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP), Leôncio Martins Rodrigues, as dificuldades para se operar essas mudanças podem deixá-la quase impraticável.

Todos os temas serão discutidos durante as reuniões e muitas emendas serão feitas ao texto original para, então, serem apreciadas pelo plenário da Câmara e do Senado. Na reunião da última terça-feira, a comissão integrou ao texto original a mudança da data na posse do presidente e governador, que seria, respectivamente, dia 10/01 e 15/01.

Mas não se preocupe com isso, caro leitor, porque as mudanças só valerão para 2014.